Aqui a memória respira
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O Real em Poesia
Há quem queira posar.
E há quem queira viver.
Eu fotografo o segundo grupo.
Aqueles que dançam no intervalo do riso,
que erram o passo e acham beleza nisso.
Não me interessam os gestos ensaiados,
mas o instante que se entrega.
A lágrima antes do sorriso,
a luz atravessando o véu,
a mão que procura outra sem saber que está sendo vista.
Porque o amor é assim —
imperfeito, intenso, vivo.
É arte sem moldura,
é filme sem roteiro.
E cada clique é uma tradução do invisível,
um fragmento de verdade guardado na pele da imagem.
Fotografar, pra mim,
é transformar o instante em eternidade.
É o real em poesia.
É o tempo — respirando.